segunda-feira, 13 de maio de 2013


Hipnose

A senhora de 92 anos com alzheimer foi Salva pelo seu cão, eu nunca fui salva por um cão, porque a mim negaram-me o apego ao animal. De tanto pedir cansei, mas não apaguei totalmente o calor do seu corpo encostado à minha perna. Lembranças, quantas queira! Na minha infância tive um cão preto, e claro chamava-se "black", tinha os dentes desalinhados que lhe saiam pela boca, a cauda fazia um caracol , que se desfazia à primeira dúvida. Não me recordo da seu desaparecimento, é entranho mas não me lembro da sua morte…se calhar nunca morreu. Depois da procura exaustiva por um livro que me mexa e que sentido faça e se distancie do enfadonho das editoras, que de tanto inventarem histórias nas Quintas de Toscânia, já ninguém lhes reconhece qualquer encanto. Falamos, falamos por falar, que bom que assim o foi. Falamos da leitura, da "Viagem das Almas”, que através da hipnose hipoteticamente seria toda igual em qualquer ser humano, que seriamos muito iguais presentemente, sem grande diferença. Não gostei, mas aceitei, realmente a ideia que fazemos da viagem para o outro extrato, patamar, mundo, a separação da alma do corpo, para a reencarnação, a experiência torna-se igual na consequência da monotonia das vidas das pessoas, que em pouco diferem umas das outras, logo o pensamento em hipnose também se tornará ele... igual… comum a todos…a visão do túnel,  a luz ao fundo, a sensação de bem estar, o encontro com familiares que já partiram, seria mais o desejo natural de quem deixa esta vida e procura a harmonia. Desolador para quem espera um pouco mais…sem acreditar que acabou o corpo e com ele tudo que era da sua posse. Decidi hoje, vou-me apagar nos livros, fazer baloiçar a cadeira em cada paragrafo terminado, parar para inspirar, sorrir a cada frase bela e deixar-me ir…preciso de me inventar !!!
av

13.05.13