domingo, 8 de setembro de 2013


O Verão e os Amigos

Chega o verão de sol incerto, acontece a aproximação das famílias, dos amigos e da vida bonita e tranquila. Tenho reparado nos lanches repartidos na areia da praia, nos caniços apontados ao mar, nas mantas estendidas à sombra, do cheiro a lanha adivinhando um bom petisco. Jantares com hora, mas isentos de pontualidade, abraços apertados, gargalhadas demoradas. O verão é para isso, para vermos os familiares, os amigos e fazer dos serões o recuo permanente à história do joelho esfolado numa caída de bicicleta. Os miúdos que cresceram do chão e estão maiores que os pais, já sem traços incertos, mas filhos dos seus pais, no seu sorriso, na sua expressão, na sua beleza. As casas enchem, e os jantares são de mesas grandes com manjares idealizados, desejados, esperados, saborosos. O vinho vem descomprimir o mais tímido e o bem estar reina num ápice. Sempre tive amigos ausentes, amigos que pouco ou nada sabem de mim, não conseguem distinguir um dia mau na minha vida, porque a vida deles é sempre mais importante, e eu tenho de sabê-lo, é meu dever de amiga. E quando olho de revês, para não distorcer em nada a minha imagem, sinto-os sempre ali, tão longe de mim...mas sinto-os. Regresso ao meu casulo… e ao arco daquele braço quente, que me espera todas as noites e me olha com toda atenção, e vê em mim, sombras que mais ninguém as consegue ver...e ali tenho o meu único amigo, eterno, presente, sincero… e silencioso.

Ana Vargas

2011-07-13