O
Verão e os Amigos
Chega
o verão de sol incerto, acontece a aproximação das famílias, dos amigos e da
vida bonita e tranquila. Tenho reparado nos lanches repartidos na areia da
praia, nos caniços apontados ao mar, nas mantas estendidas à sombra, do cheiro
a lanha adivinhando um bom petisco. Jantares com hora, mas isentos de
pontualidade, abraços apertados, gargalhadas demoradas. O verão é para isso,
para vermos os familiares, os amigos e fazer dos serões o recuo permanente à
história do joelho esfolado numa caída de bicicleta. Os miúdos que cresceram do
chão e estão maiores que os pais, já sem traços incertos, mas filhos dos seus
pais, no seu sorriso, na sua expressão, na sua beleza. As casas enchem, e os
jantares são de mesas grandes com manjares idealizados, desejados, esperados,
saborosos. O vinho vem descomprimir o mais tímido e o bem estar reina num
ápice. Sempre tive amigos ausentes, amigos que pouco ou nada sabem de mim, não
conseguem distinguir um dia mau na minha vida, porque a vida deles é sempre
mais importante, e eu tenho de sabê-lo, é meu dever de amiga. E quando olho de
revês, para não distorcer em nada a minha imagem, sinto-os sempre ali, tão
longe de mim...mas sinto-os. Regresso ao meu casulo… e ao arco daquele braço
quente, que me espera todas as noites e me olha com toda atenção, e vê em mim,
sombras que mais ninguém as consegue ver...e ali tenho o meu único amigo,
eterno, presente, sincero… e silencioso.
Ana
Vargas
2011-07-13
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