sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Hoje fui…
Hoje fui, resolvi que queria mar e estar dentro dele. Acompanhei o meu filho na sua aula de vela. Não há palavras que descrevam, o amor que se sente ao vê-lo ao longe velejando ao sabor do vento e da paz…rumo ao nada…simplesmente em frente…como nós gostamos de ir. Estar no mar, numa baia lindíssima onde as casas se encaixam como legos e as cores fundem-se na harmonia do céu azul acinzentado. Há momentos únicos, olhares de ilhéu, sensações de arrepio e de deslumbre total.
31.08.12
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
A vizinha
Não
sei o que são, não as ouço, mas penduro-me na sua ausência. Tenho sentido a
solidão da amizade da vizinha, de uma forma dura, e neste momento a amizade desta
vizinha poderia ser quase nula para mim. Mentiria se dissesse que não tenho sentido
a falta do telefonema da vizinha, que após a introdução, fala incessantemente
de tudo o que a preocupa, usando a virgula apenas para respirar. Fala do
desalento da sua vida, do vazio do seu coração, da tristeza crescente e do não
saber o que tem? Fala do filho, repete a história ouvida centenas de vezes, e
na sua repulsa e raiva, conta novamente a historia para que nada fique por
dizer. Sem conseguir ultrapassar a constatação dura de que a sua vida é vazia
de conteúdo, distrai-se no vestido que comprou, sem ter o dinheiro para ele. As
sugestões de uma vida melhor, não lhe entram, porque o tempo falta-lhe e não
consegue arranjar 5 minutos de relaxe e pensamento egoísta. E perde-se na
conversa, a opinar sobre vida dos outros e pergunta se fizeste alguma das coisas
que ela queria ter feito! Desliga e guarda-se para a próxima investida.
Cansada...diz-se cansada!
av
17.02.10
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
domingo, 19 de agosto de 2012
O Barco
Devia existir um barco pronto a
partir...encostado ao cais... para todos aqueles que no dia certo resolvem deixar
tudo e partir. Um barco destes não é fácil de fazer partir, todos os que por
momentos sentem esta vontade, muitas vezes não tem coragem de saltar, sem dia
nem hora de chegada. E olhando em redor, vêem-se olhos raiados de vermelho, sem
brilho, parados no tempo e nas batidas do coração. Tenho pena de quem não
espera muito mais de si. Eu também já senti o meu coração parado, no quadro do
menino que assiste à morte da sua própria mãe. Desolador e nefasto para quem
tudo teve e nunca precisou de partir nesse barco. Já vi partir, alguém que me
era muito querido, de olhar soberbo, de visão alargada e de objetivo múltiplo.
Empurrei, e ofereci-lhe todas as minhas reservas para que o sucesso dele fosse
uma certeza. Senti a sua ausência, o seu toque, o seu cheiro...e os meus
sentidos ficaram de luto. Foi uma falta inconsolável, amordaçada, disfarçada e
de visão nula mesmo à lupa. Ninguém viu que a minha alma se retalhava de tão
porosa que estava. Vi o barco partir e deixei…mas não embarquei nele! Talvez um
dia!
19.08.12
av
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Numa Ilha
Nasci numa ilha…
é tudo o que sou, tenho o mar ao alcance de uma mão, o céu sempre presente e a
família perto para abraçar. Nunca de cá sai, sem a certeza de que voltava!
Quando estive longe olhei para trás e senti o quanto estava longe do meu chão,
chão de terra húmida, de videira de fruta e de verde único. Pensei na ausência da
certeza de caminhar ao fim da tarde a par e passo com o por do sol…chorei com
saudade e dei os primeiros passos amedrontados. Quando cheguei…Senti-me
protegida no vento que soprava, e prendi-me novamente à janela onde se cola a folha na gota que escorre. Não sei viver sem a
chuva, sem o recorte da ilha que me isola e o adeus de quem parte. Sou tudo o
que me ensinou a mão grossa do meu pai, grande, áspera e firme. Brinquei
sozinha, no perigo da altura, trepei árvores e comi a fruta do vizinho. Fui o
rapaz quando foi preciso e senti o cheiro a tinta de cada risca do barco
pintada com precisão. Sou de cheiros, de lima, de flor de faia, de pão quente,
de bolo de laranja húmido. Apanhei o escaldão do sol da infância e descasquei a
pele como se a minha vida se renovasse naquele momento. Fui capaz de tudo e a
vida não me negou um só momento. Fui sem saber que o era, feliz e livre de mim,
imatura, inconsequente, inerte, teimosa, fui…tudo!
15.08.12
av
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
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