quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Numa Ilha


Nasci numa ilha… é tudo o que sou, tenho o mar ao alcance de uma mão, o céu sempre presente e a família perto para abraçar. Nunca de cá sai, sem a certeza de que voltava! Quando estive longe olhei para trás e senti o quanto estava longe do meu chão, chão de terra húmida, de videira de fruta e de verde único. Pensei na ausência da certeza de caminhar ao fim da tarde a par e passo com o por do sol…chorei com saudade e dei os primeiros passos amedrontados. Quando cheguei…Senti-me protegida no vento que soprava, e prendi-me novamente à  janela onde se cola a  folha na gota que escorre. Não sei viver sem a chuva, sem o recorte da ilha que me isola e o adeus de quem parte. Sou tudo o que me ensinou a mão grossa do meu pai, grande, áspera e firme. Brinquei sozinha, no perigo da altura, trepei árvores e comi a fruta do vizinho. Fui o rapaz quando foi preciso e senti o cheiro a tinta de cada risca do barco pintada com precisão. Sou de cheiros, de lima, de flor de faia, de pão quente, de bolo de laranja húmido. Apanhei o escaldão do sol da infância e descasquei a pele como se a minha vida se renovasse naquele momento. Fui capaz de tudo e a vida não me negou um só momento. Fui sem saber que o era, feliz e livre de mim, imatura, inconsequente, inerte, teimosa, fui…tudo!
15.08.12
av





Sem comentários:

Enviar um comentário