quinta-feira, 30 de agosto de 2012


A vizinha
 

Não sei o que são, não as ouço, mas penduro-me na sua ausência. Tenho sentido a solidão da amizade da vizinha, de uma forma dura, e neste momento a amizade desta vizinha poderia ser quase nula para mim. Mentiria se dissesse que não tenho sentido a falta do telefonema da vizinha, que após a introdução, fala incessantemente de tudo o que a preocupa, usando a virgula apenas para respirar. Fala do desalento da sua vida, do vazio do seu coração, da tristeza crescente e do não saber o que tem? Fala do filho, repete a história ouvida centenas de vezes, e na sua repulsa e raiva, conta novamente a historia para que nada fique por dizer. Sem conseguir ultrapassar a constatação dura de que a sua vida é vazia de conteúdo, distrai-se no vestido que comprou, sem ter o dinheiro para ele. As sugestões de uma vida melhor, não lhe entram, porque o tempo falta-lhe e não consegue arranjar 5 minutos de relaxe e pensamento egoísta. E perde-se na conversa, a opinar sobre vida dos outros e pergunta se fizeste alguma das coisas que ela queria ter feito! Desliga e guarda-se para a próxima investida. Cansada...diz-se cansada!
av
17.02.10

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