domingo, 16 de setembro de 2012


 

Elefante de berço

De cinzento feio e andar tosco, balanceava de tão perdido que estava. Empurrado para o mundo dos predadores, em que andar faz parte da natureza, daquele que nasce a fugir de tudo. Fugir da trama do outro, do olhar severo, da preciosidade dos outros. Começam de gatinhas, na curiosidade de tudo o que brilha, estendem a mão no encalço de mais uma descoberta. Na verticalidade que o momento exige, despregam-se do solo, e fazem estandarte de si próprios. Um segue o outro, e em breve riem dos seus malabarismos. Na arena do circo os animais já nasceram cansados de si mesmos, na esgueira de um olhar, veem o mesmo colorido de sempre e o barulho ensurdecedor das palmas programadas. E no rugido de quem nunca conheceu a savana, agacham-se mais uma vez, na tentação da carne. Findo o espetáculo, tudo se cinge a uma grade, de ferro escamada e de castigo severo. E pela mão da mãe vai a criança, sôfrega de tanta pergunta e de sonhos concretizados! A noite acontece e a criança sonhou com os animais do circo que saem nos brindes dos gelados, todos eles de sorriso largo e de porte altivo, dignos de um circo de criança.

av

2009.10.29

Sem comentários:

Enviar um comentário